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A escrita feminista como potência!

Por Malu Jimenez

Durante muitos séculos, na verdade em toda a história da humanidade, as mulheres nunca foram ouvidas, nossas histórias sempre são contadas por homens brancos, europeus, dentro do sistema cisheteronormativo colonial de conquista do poder do saber. Quem conta a história é que detém a verdade, e isso acontece até hoje.

A história das bruxas, por exemplo, contada por homens, enalteceu os senhores que nos matavam queimadas em fogueiras em praças públicas e depreciavam o feminino como diabólico e perigoso, ou seja, quem estavam sendo assassinadas, torturadas por serem feministas. Já que, morrer queimada pelo sistema ao meu ver são muito mais invisibilizadas do que perigosas.

Conto essa história como ilustração, do que esse sistema que sempre é detentor da história, e não só conta, escreve, mas essa interpretação é a vigente, propagada, aliciada e apoiada por instituições de poder, como a educação nas escolas e universidades, a saúde nas clínicas e hospitais, bem como as grandes mídias, nas tvs e jornais do nosso mundo contemporâneo.

A propagação das histórias do “povo”, das “mulheres”, dos subalternos, sempre é contada por e para perspectivas violentas, que rebaixam corporeidades. Nós do outro lado reivindicamos sermos ouvidas, lutamos por colocar nossa história no mundo. Aliás para mim, essa luta é tema central no feminismo, seja ele qual for, de onde for.

Nossas histórias importam!

Pois, é isso que as feministas fazem desde de sempre, denunciam esse projeto cisheteronormativo de conhecimento injusto e segregador, que conta a história e faz ciência, produz conhecimento apoiando o lado opressor, injusto e masculino que compõem nosso mundo.

E, é por essa injustiça histórica com os subalternizados, que precisamos do poder das escritas femininas e de como seus saberes são construídos, para que possamos ter força e esperança para lutar contra a hegemonia que tanto nos invisibilizou e continua tentando nos calar.

É preciso perspectivas subjetivas femininas em nossas escritas, muito mais versões de mundo como sujeitas ativas e com políticas de escritas potentes reivindicando autoridade na construção do conhecimento.

É essencial fomentar, apoiar, consumir e propagar histórias de mulheres, como nomeia Dona Haraway, mulheres que desenvolvam, construam tecnologias da escrita como “aparato da produção literária,” para que a história não continue contada apenas pelo opressor.

Consultar

ANZALDÚA, Glória. Falando em línguas: uma carta para as mulheres escritoras do terceiro mundo. ESTUDOS FEMINISTAS, 2020. Pgs. 229-236.

EVARISTO, C. Da representação à auto-apresentação da Mulher Negra na Literatura

Brasileira. PALMARES – Cultura afro-brasileira, Brasília, p. 52/56.

HARAWAY, Donna. Saberes localizados: a questão da ciência para o feminismo e o privilégio da perspectiva parcial. Cadernos Pagu, Campinas, SP, n. 5, p. 7–41, 2009. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/cadpagu/article/view/1773. Acesso em: 4 fev. 2021.

FOUCAULT, Michel. Uma estética da existência. In: MOTTA, Manoel Barros (org.). Ética, sexualidade, política. 2ªed, Rio de Janeiro: Universitária, 2010b, pp. 288-93.

RIBEIRO, Djalma. O que é lugar de fala. Belo Horizonte – MG: Letramento, 2017.

SPIVAK, Gayatri Chakravorty. Pode o subalterno falar? Trad. Sandra Regina G. Almeida e Marcos P. Feitosandré Feitosa. Belo Horizonte – MG: UFMG, 2014.

Esse texto foi publicado no BLOG TODAS FRIDAS em 2021.

A quarentena e as apropriações de protagonismo na internet

Por Malu Jimenez

Em época de quarentena, muitas pessoas, principalmente as que não precisam sair de casa para trabalhar. Ou seja, classes mais favorecidas estão ocupando o mundo virtual com mais frequência, tanto na produção quanto no consumo de conteúdo virtual. São muitas Lives, cursos online, games, bate papos, plataformas congestionadas, horário nobre e tudo isso que envolve a cibercultura.

Esse cenário mostra que o presencial está sendo substituído aos poucos pelo virtual, e esse novo comportamento também traz novas análises e maneiras de entender e estar no mundo.

Como sou uma pessoa conectada desde antes da pandemia, venho notando essa diferença todos os dias e observando o que as pessoas estão produzindo e consumindo, faz parte do meu trabalho e do pesquiso: Consumo e Corpo Gordo.

Entendo que fica difícil diferenciar que o seguimento de ativismo, dos perfis, das redes, blogs, influencers como consumo, porque não é uma compra direta como num supermercado ou pagamento de uma conta pela internet, mas é consumo também.

Tem um livro bem interessante da Izabela Domingues e Ana Paula de Miranda, “Consumo de Ativismo”, que explica que o consumidor nas redes vem se deparando com tomar posicionamentos políticos. Já que,

Quando falamos de consumo não estamos nos referindo apenas a compras e, por conseguinte, ao consumo de mercadorias ou bens materiais, pois consumimos modos de ser, consumimos moda, telenovelas, consumimos Instagram, entre outros bens simbólicos.

O que tenho visto nas redes é muita gente produzindo conteúdo desesperadamente, como forma de ganhar uns likes e tentar sobreviver desse protagonismo. Observe que temos influencers de tudo que você imaginar na rede, e sinceramente não vejo problema nenhum nisso, acho até bem legal, através de alguns clics eu conseguir consumir conteúdo sobre tudo que eu precise, desde plantar batata até cozinhar um prato francês, isso é fantástico.

O problema, penso eu, começa quando você começa a ver na sua timeline várias vezes ao dia, apropriações de protagonismos na rede de maneira descarada e com milhões de seguidores apoiando essa falta de consciência de lugar de fala na sociedade.

São muitos, e são ferozes que diretamente e indiretamente acabam invisibilizando ou tirando a importância de algumas causas, protagonismos necessárias e importantes no contexto atual de minorias e lutas sociais. Se você não está entendo nada sobre isso, continua aqui que eu vou te explicar.

Voltando as pesquisadoras do livro “Ativismo de Consumo”, elas explicam que, “O ativismo pressupõe o consumo de símbolos capazes de propagar ideias e conceitos, os quais, por sua vez, acabam sendo reprocessados pelo sistema a favor de sua própria reprodução.”

Nessas três semanas em casa, consumindo as redes vi de tudo, mulheres brancas debatendo temas sobre racismo e protagonizando feminismo negro, adolescentes de bairros nobres protagonizando e discutindo o rap que se faz na periferia, mulheres magras discutindo e protagonizando a luta e pautas do ativismo gorde, homens que se autodenominam de esquerda discutindo feminismo e protagonizando sobre ele, enfim apropriações de discussões e protagonismos que na maioria das vezes quando apresentam suas pautas não recebem tantos likes quanto a galera padrão e cheia de recursos, câmeras apropriadas, etc.

Isso também acontece com as fotografias e imagens postadas nesses canais, mulheres brancas e gordas menores ou nem gordas, postam fotos de biquini rebolando e todo mundo acha lindo, enquanto se uma gorda maior e negra postar a mesma ideia, rapidamente alguém denuncia ou o próprio instagram bloqueia como impróprio ou que fere as diretrizes. Isso é sério!

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A Milly Costa do @elapretaafronta que já teve vários perfis bloqueados, fotos censuradas, entre outras medidas punitivas nas redes lançou ontem em seu canal um vídeo falando sobre isso. Quem tem permissão para aparecer?

A gente precisa refletir sobre isso, qual é meu lugar de privilégio? Qual é meu lugar de fala? Qual é meu lugar nas redes? Porque tirar o protagonismo de ativistas que falam de suas dores que estão gravadas em seus corpos e que nunca tiveram espaço para isso é no mínimo cruel e não merecem apoio, cada um que procure seu lugar social de fala e trabalhe encima disso.

É necessário entender isso, principalmente se você é contra o fascismo, o racismo, a gordofobia é urgente esse posicionamento. Pensem comigo, se a youtuber já tem milhões de seguidores porque ela fala sobre temas relacionados a sua existência, para quê pegar e se aproveitar de temas e protagonismos que não lhe pertencem? A troco de quê?

Veja! Não estou dizendo que as pessoas não possam falar de racismo e gordofobia, pelo contrário: podem e devem, contudo sabendo e entendendo que não é seu protagonismo e que se você como influenciador e que tem milhões de seguidores fala de um tema desses, sem ao menos chamar um protagonista que talvez não tenha a visibilidade que você tem para falar de sua luta e ser conhecido pelos seus seguidores? Se você se apropria da discussão e não cita, viabiliza e apoia ativistas da causa, sinto muito, mas você não entendeu nada!

As consumidoras dessas pessoas e conteúdo, principalmente as seguidoras precisamos começar a serem mais críticas, ou pelo menos entender qual é seu lugar de fala e o lugar de fala desse influenciador. Isso é sério porque se pessoas brancas começam a protagonizar a luta contra o racismo, ou pessoas magras começam a protagonizar a luta contra gordofobia, as pessoas que vivenciam essa opressão, esse estigma são de novo invisibilizadas, apagadas e excluídas socialmente.

Já pensou sobre isso? Além de que entender, saber e perceber seu lugar de fala na sociedade é muito importante, sabia? Perceber o nosso lugar de fala vai muito além de nossos conteúdos e ativismos, muito mesmo.

Entender nosso lugar de fala é uma postura perante o mundo, as pessoas, isso é muito importante pra você e para sociedade. Essa construção é individual, e a gente não pode ficar esperando que as outras pessoas nos digam o que é tal coisa, ou porque é assim ou assado, sabe? A gente tem que construir nosso ativismo, nossa postura entendendo nosso lugar de fala no mundo.

Esse entendimento é uma construção individual, de seu interesse, posicionamento no mundo e da empatia com outras pessoas que sofrem diretamente aquilo que você conhece, mas não é o principal afetado. Por isso é importante que cada uma de nós entenda nosso lugar social de fala no mundo e não saia atropelando o lugar de fala de outras pessoas.

Isso é postura no mundo. Respeito as pessoas e a si mesma, na hora de reivindicar onde é seu lugar de fala e entender o do outro. Compreender sua localização social é fundamental para conhecer seus privilégios, respeitar as diferenças e não atropelar, invisibilizar o protagonismo de ninguém! Essa consciência também vale para gente não dar biscoito pra quem atropela ou se aproveita de outros lugares de fala que não são seus por likes, vaidade ou fama.

Pensar sobre o ativismo gordo que faço parte e tenho protagonismo, porque sou uma mulher gorda maior é entender outras posturas e dores que complementam a gordofobia, posicionando-se dentro de um lugar de fala e apoiando outros lugares e exclusões.

Como a Bell Hooks nos alerta explicando que:

Temos de trabalhar ativamente para chamar atenção para a importância de criar uma teoria capaz de promover movimentos feministas renovados, destacando especialmente aquelas teorias que procuram intensificar a oposição do feminismo ao sexismo e à opressão sexista. Fazendo isso, nós necessariamente celebramos e valorizamos teorias que podem ser, e são, partilhadas não só na forma escrita, mas também na forma oral.

Dentro de nossos encontros, conversas e depoimentos, estamos buscando maneiras novas de nos libertarmos de nossas opressões, buscando uma transformação do que somos, entendemos e também de como vemos e tratamos as outras mulheres gordas que não são como eu, mas sofrem mais e sofrem menos e precisam de ajuda.

Existe um paralelo à questão de gordas maiores e menores nessa conversa de protagonismos, já que, se estamos todas lutando contra a gordofobia, toda luta é válida e soma, e se aprende a defender outras opressões quando não as sofremos. Mas quando se pesa mais de 120 quilos, ou se usa uma numeração acima dos 58, é evidente que a gordofobia, por exemplo vai ser maior e mais cruel.

Isso é fácil de entender se você tiver empatia e pensar na acessibilidade desses corpos, já que se eu que uso numeração 58 e peso 130 quilos entro num hospital não haverá maca, cadeira de roda, aparelhos de exames que eu caiba confortavelmente para usufruir de meu direito de ter saúde na constituição. Enquanto uma mulher gorda menos que use a numeração 50 consiga ter toda essa assistência sem mais problemas. Ela sofre gordofobia? Claro que sim, mas não sofre como as gordas maiores.

Imagine então uma mulher que nem gorda é, apenas se ache porque não se encaixa no padrão, mas continua tendo todos os privilégios de uma mulher magra: roupas, cadeiras, transporte, macas e aparelhos de exames, etc.

E que depois dessa diferença real de vida, de viver a opressão mais forte, a mulher que se considera gorda mas não é use a pauta da gordofobia em seu canal, as pessoas apoiem isso e quando eu ou outra mulher gorda maior aparecemos cause pavor, pânico aos seguidores, porque na formação social do que é ser gordo para eles é a youtuber gorda, eu sou uma aberração. Isso é muito sério!

Assim, você que apoia essas lutas contra as opressões mostre isso no seu conteúdo de forma prática porque entender o que é empatia é necessário, mas praticar é mais ainda. A Joice Berth citando a Djamila Ribeiro, explica que,

 […] empatia não é um sentimento que pode te acometer um dia, outro não, mas sim uma construção intelectual que demanda esforço, disponibilidade para aprender e ouvir. Tão mais empática a pessoa será quanto mais ela conhecer a realidade que denuncia uma opressão.

Portanto, todas as pessoas possuem um lugar de fala, é uma postura ética, porque saber o lugar de onde falamos é “fundamental para pensarmos as hierarquias, as questões de desigualdade, pobreza, racismo e sexismo.” (Djamila Ribeiro). E, ainda, é importante que entendamos de onde falamos, em qual localização social estamos inseridos, Joice Berth de novo citando a Djamila Ribeiro que escreveu sobre isso.

[…] o fundamental é que indivíduos pertencentes ao grupo social privilegiado em termos de locus social consigam enxergar as hierarquias produzidas a partir desse lugar, e como esse lugar impacta diretamente a constituição dos lugares de grupos subalternizados.

Posto isso, acredito ser importante que cada mulher gorda, entenda seus privilégios, lugares de fala e hierarquias, respeitando outras opressões que estão juntas da questão da gordura, sem separá-las dentro da construção da subjetividade de cada uma. Mas, também, entendo, e por experiência própria, que esse posicionamento dentro do ativismo vem com o tempo, porque precisa existir uma reconstrução dentro de um processo político, que descoloniza os afetos, para, então, começarmos a pensar criticamente, a partir de nosso posicionamento no mundo,  em relação às outras mulheres que querem fazer parte da mesma luta que eu: a antigordofobia.

E como acrescenta bell hooks, é importante pensar nessa discussão:

Se realmente queremos criar uma atmosfera cultural em que os preconceitos possam ser questionados e modificados, todos os atos de cruzar fronteiras devem ser vistos como válidos e legítimos. Isso não significa que não sejam sujeitos a críticas ou questionamentos críticos ou que não haja muitas ocasiões em que a entrada dos poderosos nos territórios dos impotentes serve para perpetuar as estruturas existentes.

Me parece que é importante que todas façam parte dessa construção e delimitações de espaços e localizações de fala, respeitando a opressão sofrida pela outra e buscando compreender qual o seu lugar no ativismo, apoiando. É fundamental a postura das que já conseguiram entender seus privilégios: tenham paciência e didática para explicar às que estão chegando e às que ainda estão por vir.  O nosso ativismo salva vidas.

Mas também é importante que reflitamos sobre essa apropriação, que sinalizamos, e que as pessoas comecem a fazer conteúdo à partir da conscientização de seu lugar de fala, de seus privilégios e do que isso causa nas outras pessoas que discutem o mesmo tema, ou seja, deixemos a protagonização das discussões e ativismos para as pessoas que vivenciam o estigma, que são excluídas por isso.

Para Consultar:

bell hooks. Ensinando a transgredir: a educação como prática de liberdade. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2017.

Djamila Ribeiro. Lugar de Fala. Feminismos Plurais. Belo Horizonte: Letramento, 2019.

Izabela Domingues; Ana Paula de Miranda. Consumo de Ativismo. Barueri, SP: Estação das Letras e Cores, 2018.

Joice Berth. O que é empoderamento? Feminismos Plurais. Belo Horizonte: Letramento, 2018.

Milly Costa. Quem tem permissão? Disponível em: https://www.instagram.com/tv/B-auEMBnT8A/?utm_source=ig_web_copy_link

Texto publicado no BLOG TODAS FRIDAS em 2020.

Aula Aberta

Apresentação aos Estudos do Corpo Gordo – 2023

Por Malu Jimenez

EMENTA

A aula aberta Apresentação aos Estudos do Corpo Gordo, propõe  em 3hs de aula online, apresentar os estudos transdisciplinares das corporalidades gordas de forma a provocar reflexões sobre a gordofobia como estigma estrutural, sistêmico e violento com as pessoas gordas. Como a gordofobia opera, se disfarça e mata pessoas consideradas doentes, patologizadas pelos estudos da “obesidade”, contextualizando a construção sociocultural em que a ciência da saúde coloca as corporalidades gordes, na concepção equivocada da binariedade entre saúde e doença, a pré condição na qual um corpo para ser belo, saudável e feliz tem que estar magro. A gordofobia como discussão decolonial na construção ideológica de corpo, raça e gênero, no entendimento da gordofobia inerente às discussões sobre corpo, raça e gênero. O Artivismo Gorde e o feminismo Gordo como resistências gordas, múltiplas vozes. Corpas gordas construindo e se colocando como obra de arte dissidente, como desobediência e construção de um novo olhar sobre Arte. A partir da Pesquisa Gorda – Estudos transdisciplinares das corporalidades gordas, rompemos paradigmas e construímos novos entendimentos sobre temas como corpas, doença e saúde, saudável, normal e patológico, “obesidade”, estigma, medicalização desses corpos, corpos dissidentes, racismo, homofobia, transfobia, gordofobia, capacitismo, saúde colonizadora, entre outros serão provocados nos debates/discussões/rodas de conversa durante a aula. A filósofa Malu Jimenez propõe a provocação e leitura para o reconhecimento de nossas potências, impulsionando nossa maneira de escrever como um modo de fazer político, criativo, prazeroso e revolucionário engordurando as letras, palavras e mundo.

METODOLOGIA

A aula aberta Apresentação aos Estudo do Corpo Gordo acontece ao vivo de forma remota, na plataforma google meets durante 3 horas, trará discussões sobre os temas propostos, leituras de alguns trechos junto aos alunes, além de material de apoio, vídeos clips, filmes, músicas e lives propostos no material de apoio. Junto a aula haverá tempo para roda de conversa, perguntas e debates sobre as temáticas explanadas durante as discussões impulsionadas durante a aula. No encerramento, provocades pelas aulas, leituras e discussões, em rede faremos um exercício prático de escritas afectivas engorduradas sobre nossas reflexões durante o encontro.

AULA ABERTA

Segunda-Feira dia 13 de fevereiro de 2023.

horário: 18hs às 21hs

A aula será gravada e disponibilizada a todes inscrites!

CERTIFICADOS 4HS/AULA

Referências Bibliográficas/ Material de Apoio

AMORIM, Bárbara Michele. Novo corpo, nova vida: o mercado de cirurgia bariátrica em perspectiva sociológica. 2018. https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/198295/PSOP0636-T.pdf?sequence=-1&isAllowed=y

ARRUDA, Agnes. Questão de gênero: a gordofobia é igual para homens e mulheres? – Link para a matéria: https://azmina.com.br/colunas/questao-de-genero-a-gordofobia-e-igual-para-homens-e-mulheres/

BALBINO, Jessica. E se um estudo provar que obesidade não é doença? https://www.em.com.br/app/colunistas/jessica-balbino/2021/08/04/noticia-jessica-balbino,1292652/e-se-um-estudo-provar-que-obesidade-nao-e-doenca.shtml

BARROS, Mirani. Um lugar para ser gorda: afetos, erotismos na sociabilidade entre gordinhas e seus admiradores. dissertação UFRJ, 2011. https://www.bdtd.uerj.br:8443/handle/1/4382

BARROSO, Izchel. Mea culpa: ecos de las teologías feministas para una lectura bastarda del discurso de la obesidad, 2020. https://acrobat.adobe.com/link/review?uri=urn:aaid:scds:US:54a4ccc2-21ba-38a2-9d9a-4d907ef3db9c

BELQUIOR, Jussara. PESO BRUTO, dança gorda. https://www.jussarabelchior.com/

BUTLER, J. Relatar a si mesmo. Crítica da violência ética. Belo Horizonte: Autêntica, 2019. https://acrobat.adobe.com/link/review?uri=urn:aaid:scds:US:812b7768-c4ce-3402-9257-51941eac9948

CANGUILHEM, Georges. O normal e o patológico. 4ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1982.

CARRARA, Sergio. Entre cientistas e bruxos: ensaio sobre os dilemas e perspectivas da análise antropológica da doença. In: ALVES, P. C.; MINAYO, M. C. S. (Orgs.). Saúde e doença: um olhar antropológico. Rio de Janeiro: Edit. Fiocruz, 1994, p. 33-45

D’SOUZA, Radha. As prisões do conhecimento: pesquisa ativista e revolução na era da “globalização”. In: SANTOS, Boaventura de Sousa; MENESES, Maria Paula. Epistemologias do Sul. São Paulo: Cortez, 2010, p. 145-171.

FOUCAULT, Michel. O nascimento da clínica. Rio de Janeiro: Forense; 2004.

FOUCAULT, Michel. História da Sexualidade, Vol. 1. Rio de Janeiro: Graal, 1981.

FOUCAULT, Michel. A arqueologia do saber. Rio de Janeiro, Forense, 1987.

FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: nascimento da prisão. Petrópolis: Vozes; 1991/1997.

DELGADO. María Magdalena Aranda Un cuerpo propio. In: Voces desde la diversidad. Águas Calientes, Mexico, https://acrobat.adobe.com/link/review?uri=urn:aaid:scds:US:98ffada8-2098-3663-9953-0533ca17c478

D’SOUZA, Radha. As prisões do conhecimento: pesquisa ativista e revolução na era da “globalização”. In: SANTOS, Boaventura de Sousa; MENESES, Maria Paula. Epistemologias do Sul. São Paulo: Cortez, 2010, p. 145-171. https://acrobat.adobe.com/link/review?uri=urn:aaid:scds:US:3128e15a-b7e2-3883-8a9d-350b338f36ad

FLORINDO, Karen. “PESO”: O MARCADOR SOCIAL INDESEJÁVEL: A INTENSIFICAÇÃO DA MORTE SOCIAL DO CORPO GORDO EM TEMPOS DA COVID-19, Mais que Amélias, 2021.  https://8817bea9-051e-4071-aa02-bb0ea330c83e.filesusr.com/ugd/cafbb5_fb2ed02bb3484d9baf521eaa0c60db54.pdf

FERRAZ, Camila, MENEZES, Jucá, FERREIRA, Rebeca, MÉLO, Roberta de Sousa. “Imagina ela nua!”: Experiências de mulheres que se autodeclaram gordas. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, 28(2): 2018. https://www.scielo.br/j/ref/a/zFY8HjQdg4CmsSXBmzYp6zS/?format=pdf&lang=pt

FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: nascimento da prisão. Petrópolis: Vozes; 1986. https://drive.google.com/file/d/17BcTdq9hzJo_PzlSeTpy86cF-opqepk3/view?usp=sharing

GOFFMAN, Erwing. Estigma: notas sobre a manipulação da identidade deteriorada. Rio de Janeiro: LTC, 1975. https://acrobat.adobe.com/link/review?uri=urn:aaid:scds:US:ff7058ef-5fc8-3c0e-b296-f96718fe8fb5

GOMES, Vanessa. Gordofobia médica: “Seu filho vai ter problema porque você é gorda” – Matéria Bebe – ed. abril, 2022. https://bebe.abril.com.br/gravidez/gordofobia-medica-seu-filho-vai-ter-problema-porque-voce-e-gorda/

GUATTARI, Felix; ROLNIK, Suely. Micropolítica: Cartografias do Desejo. Petrópolis: Vozes, 1996. https://acrobat.adobe.com/link/review?uri=urn:aaid:scds:US:d61ae7e4-bb29-3aae-bca9-42fa7fc665f9

HARAWAY, Donna. Saberes localizados:a questão da ciência para o feminismo e o privilégio da perspectiva parcial. Cadernos Pagu. Campinas/SP, 1995, p. 7-41. https://acrobat.adobe.com/link/review?uri=urn:aaid:scds:US:ff7058ef-5fc8-3c0e-b296-f96718fe8fb5

HOOKS, Bell. Ensinando a transgredir: a educação como prática de liberdade. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2017. https://acrobat.adobe.com/link/review?uri=urn:aaid:scds:US:521222e9-8bb5-3701-af83-eee4a3ccc4a2

HOOKS, Bell. Tudo sobre o Amor: o amor como prática da liberdade. https://acrobat.adobe.com/link/review?uri=urn:aaid:scds:US:a3049a60-8a33-3e99-a09f-830d643298de

JIMENEZ, Maria Luisa. FILOSOFIA GORDA: POR EPISTEMOLOGIAS ENGORDADURADAS. In: Anais da Pesquisa Gorda: ativismo, estudo e arte. Anais…Rio de Janeiro (RJ) UFRJ, 2022. Disponível em: https://even3.blob.core.windows.net/processos/41aafb376cfa4df8bf7b.pdf

JIMENEZ JIMENEZ, M. L., Luis FACHIM, F., da Silva Gomes, R., Chehab de Carvalho Melo, M. T., Bezerra de Andrade, J., Ragazzo Carpanetti , R., & Roveda Pilger , C. (2022). Possibilidades em Pesquisa Gorda: Estratégias de (Re)existências na Produção de Saberes Fora do Eixo. Revista Fermentario, 16(1), 23–4. https://ojs.fhce.edu.uy/index.php/fermen/article/view/1524

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JIMENEZ-JIMENEZ, Maria Luisa, RAPOSO, Leila. MULHERES GORDAS NA PANDEMIA: GORDOFOBIA, (RE)EXISTÊNCIAS E ATIVISMO GORDO. Revista Feminismos, 10(1), UFBA, 2022. https://periodicos.ufba.br/index.php/feminismos/article/view/45222

Jimenez Jimenez, Maria Luisa, SILVA, Marcelle Jacinto. Mulheres gordas: gordofobia, violências e (Re)existências.IV ENCUENTRO LATINOAMERICANO DE INVESTIGADORES/AS SOBRE CUERPOS Y CORPORALIDADES EN LAS CULTURAS – GT 09 – Cuerpos-corporalidades en prácticas de violencia y exclusiones sociales -Peru, 2021. https://acrobat.adobe.com/link/review?uri=urn:aaid:scds:US:861748bf-60e0-3bf5-a598-2da7a1d23d5b

JIMENEZ, Salomom Morales Cano; JIMENEZ JIMENEZ, Maria Luisa. NEO-FRENOLOGIA DAS CORPORALIDADES GORDAS: UMA JUSTIFICATIVA MORAL NA IMPOSIÇÃO DE UMA SAÚDE MACHO-FASCISTA DOS CORPOS PERIFÉRICOS. In: V Seminário Internacional Desfazendo Gênero, 2021, Campina Grande. Anais do V Seminário Internacional Desfazendo Gênero – ST PESQUISA GORDA. Campina Grande: Editora Realize, 2021. v. 2021. p. 1-15. https://editorarealize.com.br/artigo/visualizar/79248

JIMENEZ-JIMENEZ, Maria Luisa, ARRUDA, Agnes. PESQUISA GORDA: pandemia e autoetnografia na gordosfera. Revista mais que Amélias, vol. 08, ano 2021. https://8817bea9-051e-4071-aa02-bb0ea330c83e.filesusr.com/ugd/cafbb5_fb2ed02bb3484d9baf521eaa0c60db54.pdf

JIMENEZ-JIMENEZ, Maria Luisa, SILVA, Marcelle Jacinto.  Feminismo Gordo: sexo, desejo e prazeres revolucionários. Revista ÁRTEMIS – UFPB, [S. l.], v. 31, n. 1, 2021. https://periodicos.ufpb.br/index.php/artemis/article/view/54089

JIMENEZ-JIMENEZ, Maria, Luisa. Gordofobia: uma questão de perda de direitos, 2018. https://acrobat.adobe.com/link/review?uri=urn:aaid:scds:US:7daf8beb-2f73-3776-8e2f-050738c3526b

JIMENEZ-JIMENEZ, Maria, Luisa. O corpo gordo feminino como resistência! 2018. https://acrobat.adobe.com/link/review?uri=urn:aaid:scds:US:18143428-d708-3fa6-aba4-08a3ccf4f002

JIMENEZ-JIMENEZ, Maria, Luisa. É possível um feminismo Gordo? 2020. https://lutecomoumagorda.net/2022/08/06/e-possivel-um-feminismo-gordo/

JIMENEZ-JIMENEZ, Maria Luisa. O que é ser uma MULHER GORDA? Cuiabá: La Loba Magazine, edição 03, 2021. https://drive.google.com/file/d/1s988itsjruniw6roRuK6WN66t-wk2dx_/view?usp=sharing

JIMENEZ-JIMENEZ, Maria, Luisa. Lute como uma gorda: gordofobia, resistências e ativismos. 2020. Doutorado (Programa de Pós Graduação em Estudos de Cultura Contemporânea – ECCO) – Faculdade de Comunicação e Artes da Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT. Cuiabá, MT, Brasil. http://lutecomoumagorda.home.blog/tese-de-doutorado-lute-como-uma-gorda-gordofobias-resistencias-e-ativismos/

JIMENEZ-JIMENEZ, Maria, Luisa. Gordofobia: Injustiça epistemológica sobre corpos gordos. Revista Epistemologias do Sul – UNILA, v. 4, n. 1, ano 2021. https://revistas.unila.edu.br/epistemologiasdosul/article/view/2643/2534

JIMENEZ-JIMENEZ, Maria, Luisa; ABONIZIO, Juliana.  Gordofobia e Ativismo gordo: o corpo feminino que rompe padrões e transforma-se em acontecimento. XXXI Congreso Asociación Latinoamericana de Sociología – Montevideo – Uruguay, 2017. https://acrobat.adobe.com/link/review?uri=urn:aaid:scds:US:0f8f4ec5-10ff-3624-b638-9abb75006331

LIPOVETSKY, Gilles. Da leveza: rumo a uma civilização sem peso. São Paulo: Manoele, 2016. https://acrobat.adobe.com/link/review?uri=urn:aaid:scds:US:8946e55e-371c-3016-8e4e-cf9298a53ee6

LUGONES, María. Debates sobre colonialidad, del género y (hetero)patriarcado https://drive.google.com/file/d/1tBjR4tZgWEiQRLMZOMPNRnOu_OYiQaq/view?usp=sharing

MAGALHÃES, Fernanda. MULHERES GORDAS NUAS NAS PRODUÇÕES EM ARTE: ABSURDAS PROVOCAÇÕES. Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos), Florianópolis, 2017. http://www.en.wwc2017.eventos.dype.com.br/resources/anais/1517917188_ARQUIVO_AbsurdasProvocacoesfmagalhaes.pdf

MATTOS, Rafael. Sobrevivendo ao estigma da gordura. São Paulo: Vetor, 2012. https://acrobat.adobe.com/link/review?uri=urn:aaid:scds:US:7b9e8ab1-4307-3ac9-877e-f84af31e7211

MBEMBE, A. Necropolítica. São Paulo: N-1 Edições, 2018

MOMBAÇA, J. Rumo a uma redistribuição desobediente de gênero e anticolonial da violência! Oficina de Imaginação Política, 2016, pg. 1-16. Disponível em: \”Rumo a uma redistribuição desobediente de gênero e anticolonial da violência!\”, Jota Mombaça by oficina de imaginação política – Issuu

PIÑEYRO, Magdalena. Stop Gordofobia y las panzas subversas. Málaga: Zambra y Baladre, 2016.

PINTO, Joana Plaza. Conexões teóricas entre performatividade, corpo e identidades. DELTA, 2007. https://drive.google.com/file/d/1BMysmcfT3xfQvRNRnq_A1QTjZ-7Zu2fz/view?usp=sharing

PRECIADO, Paul B. Regime heteronormativo e patriarcal vai colapsar com revolução em curso: para filósofo espanhol, lutas pela representação da realidade tornam o presente o melhor período para se viver Entrevista na Folha de São Paulo, 16 de janeiro de 2021. https://acrobat.adobe.com/link/review?uri=urn:aaid:scds:US:ddf88d61-22b9-30e3-bf2b-e437ed4ec66a

RAPOSO, Leila Cunha. Antigordofobia em perspectiva decolonial, https://acrobat.adobe.com/link/review?uri=urn:aaid:scds:US:caaff019-ed7d-3ecb-9c42-7b571be2c04f

ROLNICK, Suely. Esferas da Insurreição: notas para uma vida não cafetinada. São Paulo: n-1 edições, 2018. https://acrobat.adobe.com/link/review?uri=urn:aaid:scds:US:2f462c2c-99ed-3f3a-9d8f-f480526e7e97

Sant’Anna, Denise. ENTRE O PESO DO CORPO E O PESAR DA ALMA: NOTAS PARA UMA HISTÓRIA DAS EMOÇÕES TRISTES NA ÉPOCA CONTEMPORÂNEA. História: Questões & Debates, Curitiba, n. 59, p. 99-113, jul./dez. 2013. Editora UFPR. https://drive.google.com/file/d/1-WUNKCjesy31G01b4VvO-bOUpvT5p0mL/view?usp=sharing

SANTOLIN, Cezar Barbosa. O nascimento da obesidade: um estudo genealógico do discurso patologizante. 2012. 173 f. Dissertação (Mestrado em Educação Física) – Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2012. http://guaiaca.ufpel.edu.br/bitstream/123456789/1768/1/Corpo%20textual%20-%20Final.pdf

SEIXAS, Cristiane Marques; BIRMAN, Joel. O peso do patológico: biopolítica e vida nua. História, Ciências, Saúde Manguinhos, Rio de Janeiro, v.19, n.1, jan.-mar. 2012, p.13-26. https://www.scielo.br/j/hcsm/a/ppGHkc5kxYFKZSCWS9sqmrj/?format=pdf&lang=pt

SOARES, Carmen Lucia. Escultura da carne: o bem-estar e as pedagogias totalitárias do corpo. In: RAGO, Margareth y VEIGA-NETO, Alfredo. Para uma vida não fascista, 2019. Pp. 63-81.]

SPARGO, Tamsin. Foucault e a teoria queer. Seguido de Agape e Extase: orientações pós-seculares; tradução Heci Regina Candiani; pós-facil Richard Miskolci–1. ed- Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2017.

STRINGS, Sabrina. As origens racistas da gordofobia. Revista Bust: feminismo. setembro/outubro, 2019. Disponível em: https://bust.com/feminism/196525-racist-origins-of-fatphobia.html

SUDO , Nadel; LUZ, Madel T. O gordo em pauta: representações do ser gordo

TORRES, Bolivar. Intelectualidade gorda, o novo expoente da academia e da política identitária. Matéria O Globo. https://drive.google.com/file/d/1jWL7bhOlFeDgEpBDbzgVtRY4F6VfDjVZ/view?usp=sharing

TOVAR, Virgie. Meu corpo, minhas medidas. São Paulo: Primavera Editorial, 2018.

Vídeos-clips

– Videoclipe oficial da música \”Só Pago o Que me Cabe\” de Rap Plus Size Prod. Rentz. Gravado, Mixado e Masterizado por UZZN Records. https://www.youtube.com/watch?v=1eCq12EWBrU

-\”LEVANTA MINA\” de MC Carol feat. DJ Thai https://www.youtube.com/watch?v=5EUBHEh5Ue8

– “La Gorda\” (The Phat Girl) is a Cuban hip hop music video – Las Krudas – https://www.youtube.com/watch?v=Mlzf9BPHZYo

– \”Soy Gorda y Que\” https://www.youtube.com/watch?v=ackOqpeLOYg

-Yela Quim – Soy La Gordahttps://www.youtube.com/watch?v=yvkryNqI_qA

– Juice\”, single do álbum \”Cuz I Love You\” de \”Lizzo\”. https://www.youtube.com/watch?v=QVgYaxTdW5w

Vídeos, lives, aulas abertas

É Pra Falar de Gênero Sim! | Pautas invisíveis: bissexualidade e gordofobia. Pautas invisíveis: bissexualidade e gordofobia, setembro, 2020. É Pra Falar de Gênero SIM – LIVE|É Pra Falar de Gênero Sim! | Pautas invisíveis: BISSEXUALIDADE E GORDOFOBIA | Facebook

– Live – Praça Sinais que Vêm da Rua promove um debate sobre a gordofobia e a regulação das corporalidades. https://www.youtube.com/watch?v=YRI_Rn33ibQ

– Mesa de Conversa – USP – UNICAMP – UFRJ. Gênero & Desigualdades + Saúde – Debates Corpos gordos e COVID-19: estigma, ativismo e resistências. Página do Pagu no Facebook, pelo canal do Numas no Youtube e canal do CLAM no Youtube. 24 DE MARÇO DE 2021. Gênero & Desigualdades + Saúde – Debates Corpos gordos e COVID-19: estigma, ativismo e resistências | Antropologia (usp.br)

– Aula Aberta – Ação Curricular em Comunidade e Sociedade (ACCS) – Políticas Públicas de Cuidados para as Diversidades – Diálogos entre a obesidade(s), corpo gordo, saúde e outras interseccionalidades. Universidade Federal da Bahia UFBA. 06 de outubro, 2021. (2) Aula Aberta-Diálogos sobre obesidade(s), corpo gordo saúde e outras interseccionalidades #gordofobia – YouTube

GRANDE FESTIVAL DE EPISTEMOLOGIAS DISSIDENTES PROMOVIDO POR: grupelho – Grupo de Estudos e Ações em Filosofia e Educação da Faculdade de Educação da UFMG EPISTEMOLOGIAS VISCERAIS – Aula Aberta: Filosofia Gorda com Malu Jimenez, 25 de novembro de 2021. (2) EPISTEMOLOGIAS VISCERAIS – Festival de Epistemologias Dissidentes – YouTube

PRETAS G – documentário. https://drive.google.com/file/d/1l6STz8KUfDMIobzT7aixGGFezqnLL75P/view?usp=sharing

– Festival do Conhecimento – UFRJ – Gordofobia no discurso da saúde. https://drive.google.com/file/d/1nd8tmhVJJTTxPDAWqhw8rw5UClAPL4wB/view?usp=sharing

-COMISSÃO DE LEGISLAÇÃO PARTICIPATIVA – Audiência Pública Ordinária (virtual) – Gordofobia e seus impactos -12/11/2021, convidados Ale Mujica Rodriguez, Keit Lima, Vanessa Joda. https://www.camara.leg.br/evento-legislativo/64022

Filmes e séries

– Preciosa – 1987, Nova York, bairro do Harlem. Claireece \”Preciosa\” Jones (Gabourey Sidibe) é uma adolescente de 16 anos que sofre uma série de privações durante sua juventude. Violentada pelo pai (Rodney Jackson) e abusada pela mãe (Mo\’Nique), ela cresce irritada e sem qualquer tipo de amor. O fato de ser pobre e gorda também não a ajuda nem um pouco. Além disto, Preciosa tem um filho apelidado de \”Mongo\”, por ser portador de síndrome de Down, que está sob os cuidados da avó. Quando engravida pela segunda vez, Preciosa é suspensa da escola. A sra. Lichtenstein (Nealla Gordon) consegue para ela uma escola alternativa, que possa ajudá-la a melhor lidar com sua vida. Lá Preciosa encontra um meio de fugir de sua existência traumática, se refugiando em sua imaginação. https://www.youtube.com/watch?v=rGAkI3HTlpc

– Miss Sunshine – 2006,Nenhuma família é verdadeiramente normal, mas a família Hoover extrapola. O pai desenvolveu um método de auto-ajuda que é um fracasso, o filho mais velho fez voto de silêncio, o cunhado é um professor suicida e o avô foi expulso de uma casa de repouso por usar heroína. Nada funciona para o clã, até que a filha caçula, a desajeitada Olive (Abigail Breslin), é convidada para participar de um concurso de beleza para meninas pré-adolescentes. Durante três dias eles deixam todas as suas diferenças de lado e se unem para atravessar o país numa kombi amarela enferrujada.https://www.filmesdetv.com/little-miss-sunshine-2006.html

-Dietland – Série amazon prime. Série baseada no best-seller de Sarai Walker tem como protagonista uma mulher de 130 quilos, uma guru antidietas e um grupo terrorista chamado Jennifer. Todas com um objetivo: derrubar o patriarcado. Plum pesa 130 quilos e trabalha respondendo cartas desanimadoras que as leitoras da revista Daisy Chain enviam à diretora, a mais que perfeita Kitty Montgomery. Completa seu salário com os doces que vende na cafeteria de seu amigo Steven (personagens interpretados por Joy Nash, Julianna Margulies e Tramell Tillman respectivamente). Seu objetivo vital é juntar dinheiro suficiente para submeter-se a uma cirurgia de redução do estômago e poder levar uma vida \”normal\” quando estiver livre de todos os quilos que estão sobrando. https://www.primevideo.com/detail/Dietland/0IMPDBFVODYUY1AH3GRQ0PX7VD

Músicas/Rádio

– Rádio Câmara – Mulheres de Palavra – Como a gordofobia afeta as mulheres? Fevereiro, 2022. https://www.camara.leg.br/radio/384-mulheres-de-palavra/

– Playlist colaborativa lute como uma gorda. https://open.spotify.com/playlist/11djFLI4rxVru36y269HJQ?si=Umx4wbpFTqymDpvWFBYPOA&utm_source=copy-link

Investimento:

Primeiro LOTE:

Inscrições até 30 janeiro 250,00

Segundo LOTE:

Inscrições até 10 de fevereiro 300,00

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O que é ser uma MULHER GORDA?

Por Malu Jimenez

Estamos no mês de março, momento histórico de luta do feminismo, momento para lembrar que muitas de nós, morreram e morrem como resultado do cistema – cisheteropatriarcalcolonialista, que considera mulheres como seres inferiores, hierarquizados, fetichizados, somos as que carregam o fardo de manter tudo na “ordem” para que os homens possam viver.

Ainda hoje não somos donas dos nossos corpos, somos violentadas, humilhadas, assassinadas e culpabilizadas pelas roupas que vestimos, e não importa socialmente o quão isso é violento, nem com nossas histórias, vidas, planos, famílias…

Ser mulher no mundo é correr o risco, a cada minuto, de sofrer algum tipo de violência, é criar estratégias de sobrevivência, e isso é exaustivo, doentio.

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Ensaio Abrem Caminhos – Por @juqueirozfotografia, 2020.

Contudo, ser uma MULHER GORDA é multiplicar todas essas dores, é estar mais abaixo ainda desse entendimento, do que significa ser mulher, mesmo que se considere a MULHER, como disse, um ser inferior aos demais (homens), a mulher GORDA nem é considerada mulher, nem é vista como gente, nem é levada em conta…. a não ser que ela emagreça… aí sim, a sociedade revê o seu lugar no mundo, não que seja um lugar de respeito e autonomia como ser humanos, mas ainda assim é lugar mais privilegiado do que de uma mulher gorda.

Então, eu pergunto:

O que é ser uma MULHER GORDA no mundo?

É uma pergunta que lateja na minha mente há anos… O que é?

Já pensaram sobre isso?

Eu sou uma Mulher gorda no mundo, conheço muitas outras, e posso garantir que estar no lugar de lutar por existir todos os dias de nossas vidas, é ser ativista mesmo quando não se quer ser, é chorar escondido muitas noites, porque mais uma vez foi humilhada, invisibilizada… é ter inúmeros traumas a tratar, porque foi excluída de tudo que se pretendeu fazer no mundo, é estar a margem do que significa ser mulher nesse cistema.

Ser uma mulher gorda é ter que se explicar todo o tempo, andar com seus exames em-

baixo do braço para justificar quem somos, e tentar explicar que a gente só quer existir, mas sempre com um pé atrás, porque não sabemos se o tamanho de violência que vem justificada de amor e preocupação com a saúde a gente vai suportar mais uma vez, porque dói, machuca, e é muito intenso ter que lidar com isso quase todos os dias de nossas existências…

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Ensaio Abrem Caminhos, Por @juqueirozfotografia, 2020

É pela saúde, é por amor, pelo nosso bem, por cuidado… A violência que rasga nossa carne, nossas subjetividades e nossa existência vem do lugar de que nós mesmas não somos capazes de nos cuidar, amar, ter tezão, escolher nossa comida, estilo de vida, praticar atividade física, ter saúde, ficar doente, nós somos vistas como uma bola imensa de gordura podre, estragada marcada por características: feias, chatas, bravas, violentas, compulsivas, doentes, preguiçosas, desiquilibradas, descontentes, assexuadas, tristes, fracassadas, nojentas.

 E, portanto, merecemos ser ofendidas, diminuídas e contestadas, toda vez que dissermos alguma coisa sobre querer existir, sobreviver, nossas dores…

A denúncia a violência que sofremos nos é negada, e não só pelos homens, instituições sociais, mas infelizmente por outras mulheres que não conseguem entender como os homens que nesse mundo comandam:

que não aguentamos mais, que é preciso reivindicar respeito, que somos pessoas como qualquer outra e sabemos sobre nossas vidas, porque vivemos elas todos os dias desde que nascemos, temos histórias para contar, temos corpos para amar, temos vida para viver!

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Ensaio Abrem Caminhos, Por @juqueirozfotografia, 2020

Texto publicado na Revista A LOBA, março de 2020.

A GORDOFOBIA MATA

E EM TEMPOS DE QUARENTENA MATA MAIS!

Malu Jimenez e Ale Mujica

Se tem uma coisa que todes, ou a maioria das pessoas no mundo todo sentiu com a Pandemia do coronavírus foi medo. Muita gente por aqui, talvez ainda não tenha entendido, ou percebido a gravidade do problema, mas quem acompanha o fenômeno covid-19 está preocupado, no mínimo vem tentando realizar as medidas preventivas, que não só irão ajudar ao cuidado de si, mas também de outres, evitando tanto se infectar com o vírus, como transmiti-lo. Outres, de tanto medo, estão na negação e acreditam que não serão contagiados, cada une lida com o medo como pode, sabe ou consegue.

O sistema capitalista também se aproveita do medo para se enriquecer ainda mais, incentivando um consumo frenético de diferentes produtos, como álcool em gel, máscaras, luvas (sem as devidas recomendações). E também de produtos alimentícios, para quem tem o capital econômico, fazer estoque. Esse cenário se complexifica ainda mais com a circulação de notícias sensacionalistas em conjunção com a indústria do corpo, como é o caso dos impérios trilhardários do emagrecimento no mundo.

As pessoas têm medo de engordar, a sociedade é gordofóbica, ou seja, coloca às pessoas gordas como doentes ou com risco de serem. Como corpas não desejáveis dentro do imaginário de como deveria ser a sociedade. Desta forma, recria diferentes formas de vigiar e punir essas corpas-pessoas, mas também de controlar como nossas corpas devem ser, pensar, comportar, etc.

 A saúde e suas instituições jogam um papel muito importante nessa triada (vigiar-punir-controle), sendo que retroalimentam o lugar de corpas gordas como abjetas.

A mídia também entra em cenário, trazendo narrativas, sem fundamentos científicos e se usando das categorias biomédicas, de que as pessoas ‘obesas’ seriam um grupo de risco para o coronavírus. Isto faz com que esse medo de engordar seja alimentado ainda mais e assim milhares correm a farmácia e compram shakes, cintas, ebooks, afins. A internet anuncia a cada minuto como emagrecer em poucos dias, e assim segue a boiada desesperada. 

Mais perigoso e cruel ainda é entender os mecanismos pelos quais o preconceito, o estigma e a discriminação para com as pessoas gordas (gordofobia) são articulados no discurso acadêmico-científico da biomedicina e materializados no cuidado à saúde das pessoas gordas. O que nos faz pensar em como serão os atendimentos as pessoas gordas, caso elas tenham que ficar internadas num quadro grave na pandemia. Como serão tratadas?

Fico imaginando quando precisar ir ao hospital com sintomas do vírus e não houver maca, cadeira para mim. Como será que a equipe médica vai me tratar? Essas pessoas aprenderam sobre gordofobia em suas formações? O que andam lendo na mídia?

Organizações como a OMS (organização Mundial da Saúde) colabora com esse medo, já que colocou pessoas gordas no grupo de risco, isso ajudaria em quê? Na contribuição do desespero em engordar na quarentena. Parece-nos mais uma biopolítica de higienização de aquelas corpas que não se encaixam dentro das norma-tividades, se justificando, mais uma vez, dentro da construção do dito ‘saudável’.

Engraçado perceber que o maior órgão de saúde no mundo contribui para que as pessoas gordas fiquem mais doentes e as magras entrem em desespero em engordar. Que tipo de saúde é essa que não consegue lidar com uma pandemia e com corpas dissidentes mais uma vez?

Muita coisa a pandemia nos trouxe além do medo, uma reflexão sobre como nossos governos vem tratando a saúde, a comercialização do saudável, a normatização e hierarquização de algumas corpas. Vimos isso no discurso do ultimo/novo Ministro da Saúde no Brasil quando diz quem merece ser salvo na pandemia. E, você o que responde a essa pergunta que nem deveria existir: Quem merece ser salvo na pandemia?

Obs: Esse texto foi publicado no Todas Fridas em 2020.

Se liga: Body positive NÃO é Ativismo Gordo!

Por Malu Jimenez

Essa semana na internet tenho lido de pessoas gordas, questionamentos e observações do que é ou não ativismo gordo, qual ativismo é válido e qual é só comercial. Resumindo, uma confusão generalizada sobre o que é influencers, body positives, ativistas gordas, pesquisadoras ativistas…

Sempre que o universo gordo virtual entra em convulsão ao contrário da maioria das pessoas que sentem muito, eu gosto muito porque existe uma explosão de pensamentos e opiniões na internet que eu consigo ver claramente o que nós gordes estamos entendendo por ativismo gordo e tudo que está ou não ligado a essa luta.

E essa semana ficou bem claro que está faltando ler, pesquisar, buscar informações sobre temas que defendemos, é fundamental em qualquer ativismo, imagina então, no ativismo gordo que está engatinhando aqui no Brasil?

Quando se defende uma luta é preciso saber sobre o que se está falando, e assumir seu ativismo e não de outras pessoas. Falar de autoestima, lacração rende grana, patrocinadores e a galera em geral quer isso, e também não vejo nenhum problema nisso, já que influencer é um trabalho como qualquer outro, se vende uma força de trabalho.

Proponho então, tentar entender o que é cada coisa, ou pelo menos refletir sobre esses conceitos. O que é um influencer, o que ele faz? Influencers influenciam outras pessoas a comprarem o que ele fala, veste, usa, pensa como verdades absolutas, mas por trás dele existem marcas/ideias que pagam para ele pensar, fazer, usar o que elas vendem, entende?

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 Segundo uma pesquisa apresentada no INTERCOM – Sociedade Brasileira   de            Estudos Interdisciplinares da        Comunicação em 2017, por Fernanda de Faria Medeiros, doutora em Comunicação Social pela UFMG e Paulo Henrique Basílio Santana, graduando do Curso de Comunicação Social: Publicidade e Propaganda da PUC/MG, chama a atenção da importância em “pensar que a explosão de influenciadores digitais, blogueiros e youtubers nasce de um contexto oportuno, em que a mídia, cada vez mais presente no cotidiano das pessoas, difunde a ideia da fama como uma possibilidade real para a conquista da prosperidade.” Ou seja, se você segue um influencer, mesmo que ele milite por alguma causa, saiba que por trás de seu discurso existem marcas/ideias que irão se aproveitar do nicho de seguidores daquele influencer, e o influenciador digital busca seguidores, reconhecimento e fama.

É assim que funciona, e isso não tem nada haver com você escolher A ou B para seguir, siga quem você quiser, ninguém tem nada haver com isso, é uma escolha de consumir isso ou aquilo na internet, é pessoal. Mas, também não se engane, já que nossas escolhas são manipuladas socialmente, mas isso já é outra história, mas faz parte da discussão.

A Izabela Domingues e Ana Paula de Miranda, doutoras e pesquisadoras do consumo, moda, tendências, comunicação escreveram um livro muito bom que se chama Consumo de Ativismo, indispensável para quem se reconhece como ativista, que explica “Consumir não se separa da cultura; está intrinsecamente associado aos processos sociais; há valores, significados e discursos implícitos e/ou explícitos de poder, seleção, classificação e organização nos mais distintos contextos sociais. Enfim, o consumo é um código que “traduz” muitas relações sociais e classifica objetos e pessoas, produtos e serviços, indivíduos e sociedades.”

Voltando a nossa discussão sobre o que é o que. Na minha tese de doutorado, me debruço sobre essa questão e o que pude observar é que existem muitas mulheres gordas procurando mudar suas questões e sofrimentos sobre seu próprio corpo,  mas a condição estrutural e institucionalizada da gordofobia está tão enraizada em nossa cultura que esse processo leva um tempo, e cada mulher passa por diversas fases e enfrentamentos para se denominarem ativistas gordas ou entrarem numa luta.

Não existe um manual para ser ativista, é uma construção pessoal e você deve construir o seu ativismo, naquilo que acredita e não no que outras pessoas dizem para você ser, fazer ou seguir, digo isso, porque é perigoso seguir e não sentir.

Sobre esse processo de descoberta, conhecimento e enfrentamentos, e digo em primeira pessoa, porque minhas redes de pesquisadora ativita,-“militância”- começaram com o nome “Gorda Linda” e, depois de um ano, percebi que a beleza não era mais uma questão de luta no meu ativismo, já que essa fase tinha sido ultrapassada, e questões como patologização e acessibilidade começaram a ser mais importantes no meu ativismo.

Talvez, por isso, o movimento body positive se confunda muitas vezes com o ativismo gordo; mesmo não sendo a mesma coisa, promovem um autoconhecimento de seu próprio corpo como valorização de sua história, muitos depoimentos passam por essa discussão, e também, convenhamos é muito mais cult dizer sou body positive, do que sou ativista GORDA, não é fácil e leva muito tempo para uma pessoa que entendeu a vida toda,  gorda é sinônimo de coisas horríveis, agora se autodenominar assim, leva tempo e muito conhecimento do tema.

O ativismo gordo vai além da aceitação do próprio corpo, visto que a proposta é do empoderamento através do conhecimento para uma luta de despatologização e acessibilidade do corpo gordo na sociedade contemporânea. Destruir a estigmatização estrutural é necessária e só se faz isso quando levamos a discussão para o entendimento epistemológico de um saber colonial patriarcal que padronizou o corpo magro como o único possível.

Segundo a pesquisa da Carolina Duó Souza, […] o movimento Body Positive (Positividade Corporal) nasce nos Estados Unidos da América, no final da década de 1990, com a iniciativa de duas mulheres: Connie Sobczak e Elizabeth Scott; elas fundaram o instituto The Body Positive, movidas pela paixão compartilhada de criar uma comunidade viva e curativa que oferecesse liberdade de mensagens sociais em contraposição àquelas sufocantes que mantêm as pessoas em uma luta perpétua com seus corpos.

Já o nascimento do Ativismo Gordo nasce no final dos anos 70 e princípio dos 80, vinculado a feministas e o movimento hippie nos Estados Unidos, conhecido como Fat Underground com a morte de uma mulher gorda famosa, cantora Cass Elliot que foi negligenciada pelos médicos por estar gorda, ocasionando sua morte. (DEAN, BUSS, 1975.

Esse movimento, ativismo gordo impulsiona pesquisadores ativistas que começam a propor outro olhar no debate sobre os corpos gordos, estudos sobre a gordura nos Estados Unidos, os “fat studies”, pioneiros nesse debate, os quais procuram entender corpos gordos além da patologização que acaba estigmatizando a pessoa gorda.

Como algumas pesquisas mostram, o discurso médico que naturaliza todo corpo gordo como doente acaba favorecendo um mercado milionário da beleza, alimentação, farmacêutica, cirurgias, etc. A proposta é que essa discussão sobre a patologização do corpo gordo também seja analisada de um ponto de vista sociocultural, com reflexões críticas sobre como a comunidade médica vem reforçando a estigmatização desse corpo e, assim, não contribuindo o suficiente para entender efetivamente qual é o significado dele na sociedade contemporânea. (FISCHLER,1995); (MURRAY, 2009); (FIGUEIROA, 2014); (LIPOVETSKY, 2016); (POULAIN, 2013); (SANT’ANNA,1995); (MATTOS, 2012).

A confusão existe, mas definitivamente não são as mesmas lutas. O body positive foca em todos os corpos e na quebra do padrão único de beleza e as ações estão muito ligadas a moda, autoestima, belezas diversas, etc.

Já o ativismo gordo está focado em contrapor a estigmatização dos corpos gordos socialmente, na despatologização desses corpos e na acessibilidade quase inexistente por causa da gordofobia.

Assim o ativismo é uma construção, que nunca termina e sempre está em transformação, e nessa discussão também vai aparecer a discussão sobre o feminismo gordo, muitas militantes contam que, dentro do feminismo, essa temática é invisibilizada, e que muitas delas, como eu, sofreram por não poderem levantar essa bandeira dentro das pautas de coletivos em diversos lugares e momentos do feminismo. Contudo, o ativismo gordo luta dentro do feminismo para ocupar e validar essa luta, mas infelizmente existem feminismos, e em sua maioria, não percebem a importância dessa discussão dentro deles.

Espero, sinceramente ter esclarecido alguns pontos para quem se interessou em ler, seja provocado a conhecer um pouco mais sobre as diferenças entre body positive e ativismo gordo, fazendo assim que você se desvende em qual situação quer se identificar, ou não.

Para Consultar:

DEAN, Marge. e BUSS, Shirl. Fat Underground , 1975. Disponível em: <https://youtu.be/UPYRZCXjoRo.>.  Acesso em 16 jul. 2016.

DOMINGUES, Izabela; MIRANDA, Ana Paula de. Consumo de Ativismo. Barueri, SP: Estação das Letras e Cores, 2018.

MEDEIROS, Faria, Fernanda; SANTANA, Basilio, H., Paulo. A performance do comediante nordestino e a imagem de Whindersson Nunes. O youtuber visto como celebridade ordinária. INTERCOM – Sociedade  Brasileira       de Estudos Interdisciplinares       da Comunicação, 2017. Disponível em: http://portalintercom.org.br/anais/nacional2017/resumos/R12-0988-1.pdf. Acesso em 07 dez. 2019.

SOUZA, Carolina Duó. BODY POSITIVE – ESTUDO DE CASO NAS MÍDIAS DIGITAIS. 2019. 42 f. Monografia (Especialização em Estética e Gestão da Moda) – Escola de Comunicação e Artes, Universidade de São Paulo – USP, São Paulo, 2019.

Obs. Esse texto foi publicado no TODAS FRIDAS em 2020.

Lute como uma gorda é um blog criado pela Profa. Dra. Malu Jimenez, ativista e pesquisadora do corpo gordo. Aqui reunimos e potencializamos conteúdos sobre este tema, a fim de construir, conectar e formar pessoas que se interessem pela causa.

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Este livro é resultado de sua pesquisa que teve origem em sua tese de doutorado, a qual propõe análises teóricas para investigar a estigmatização institucionalizada sob a qual os corpos gordos são colocados. Lute como uma gorda está disponível para venda e comprando por aqui você recebe uma dedicatória especial da autora