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Monitoria Escritas Afectivas

Encontre sua escrita potência!

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ONDE

As aulas acontecerão ao vivo pelo zoom via SYMPLA

100% online

QUANDO

Em 5 encontros nos sábados – Das 17hs as 19hs horas – A turma fecha quando as vagas são preenchidas.

Começamos dia 13 de novembro de 2021.

COMO

A proposta é que em 5 aulas de 2hs cada, e exercícios, você consiga ter um reencontro afetivo com sua história, e acabe vivenciando um acontecimento/encontro com sua escrita.

QUEM PODE FAZER

Toda e qualquer pessoa acima dos 16 anos que queira encontrar sua escrita afectiva através da sua história.

INVESTIMENTO

500,00

Por transferência bancária, PIX ou PAG SEGURO

VAGAS

Para que a mentora possa atender com atenção e cuidado cada aluno, apenas 10 vagas serão abertas por turma.

MENTORA

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Malu Jimenez é filósofa, artivista escritora, mestra e doutora em Estudos de Cultura Contemporânea, professora de filosofia, literatura, sociologia e redação a 22 anos. Especialista em Autoetnografia, poeta artista, faz arte na escritura propondo um novo olhar sobre histórias potentes com escritas afetivas que afectam.

Nem sempre teve uma escrita potente e demorou muito tempo para se encontrar com sua escrita potência, tinha muita insegurança e nunca imaginou que ia se tornar uma escritora de suas próprias vivências, transitar pela escrita poética, acadêmica, livre e ativista.

Desde o mestrado em Estudos de Cultura contemporânea- ECCO na UFMT vem trabalhando escritas afectivas no texto acadêmico, como na poesia e em artigos ativistas.

Sua tese de doutorado \”lute como uma gorda: gordofobia, ativismos e resistência\” é autoetnografica, onde propõe uma escrita afectiva que afecte suas leitoras. Ela acredita que as palavras são ferramentas de resistência e revolução.

\”Escritas Afectivas\” propõe que em 5 aulas de 2hs cada, e exercícios, você consiga ter um reencontro afetivo com sua história, e acabe vivenciando um acontecimento/encontro com sua escrita. (Re)existindo e superando traumas, medos e inseguranças construídos sobre o processo de \”escrever\” na construção conflituosa e incômoda que desenvolvemos dentro da maioria das instituições de ensino desde nossas infâncias, que tanto paralisa nosso escrever.

A proposta é entender a escrita como potência e não opressão, ser afectado, afectar e deixar-se afectar. Vida e escrita se fundem no processo de criação que afectam nossa maneira de estar e viver no mundo.

Entender a escrita como um direito e que todas são potentes e importantes, pode ser um começo para que você se encontre na escrita e a transforme em liberdade para contar sua história, o que pensa e propõe.

Malu Jimenez apresenta sua experiência e encontro com seus afetos e desafetos, dores e curas através da poesis da escrita, se colocando no texto e no mundo como pesquisadora artivista feminista decolonial, gorda e filósofa, dentro de  uma proposta de  escrita política revolucionária feminista que mudou sua maneira de ser, entender e viver no mundo.

Propõe, a partir de sua vivência, uma reflexão sobre a importância de nossas vozes e narrativas insurgentes na pesquisa, dentro e fora da academia. Expõe o texto como processo criativo que rompe o estabelecido e apresenta sentimentos, saberes locais e rebeldia, transpõe a proposta colonial capitalista impregnada no fazer científico que intenciona à construção de uma pesquisa transformadora social.

A proposta que Malu Jimenez exterioriza é uma proposta para o reconhecimento de nossas potências impulsionando nossa maneira de escrever como um modo de fazer político, criativo, prazeroso e revolucionário.

CRONOGRAMA DAS AULAS

1 aula – Minha história importa e afecta: minha história é imensidão

Nessa aula Malu Jimenez vai demonstrar através de sua história/vivência como é possivel rever sua história, ter orgulho dela e transformar todo esse afeto em escrita.

2 aula – Meu lugar de fala é meu lugar de escrita

Saber se localizar socialmente, entender de onde você vem e como chegou até aqui é um ponto fundamental para que você se sinta a vontade e segura na sua escrita. Aprenderemos como fazer, entender e analisar nosso lugar de fala.

3 aula – Ressignificando dores, traumas, medos e inseguranças: as marcas/histórias gravadas no meu corpo.

Nessa aula é proposto o encontro de seus afetos e desafetos, dores e curas através de seu olhar sobre si mesma e sobre nossas dores que nos afectam desde a infância. Vivência que transborda a escrita, poesia nas texturas do mundo.

4 aula – Escritas Afectivas: Minha história importa!

Nesse encontro reconheceremos nossas potências que impulsionam revolucionar cada maneira de se olhar, pensar, pesquisar e escrever em um modo de fazer político, criativo, prazeroso e revolucionário.

5 aula – Minha escrita afectiva

Oficina de produção: reverberando o que nos afectou nesses encontro em palavras/texto.

Publicação dos trabalhos no Blog lute como uma gorda e Instagram.

TODAS AS AULAS SÃO ACOMPANHADAS DE EXERCÍCIOS

  • Aulas ficam gravadas
  • Material didático de apoio vitalício
  • Atendimento personalizado
  • Vídeos e PDfs
  • Nada é obrigatório a ser feito, tudo no curso são sugestões
  • Autonomia na sua construção de saberes
  • Revisão, leitura e sugestões das produções
  • Certificado

Bibliografia de APOIO:

AGAMBEM, Giorgio. Bartleby Escrita da Potência. Estudos do Labirinto, 1993.

ANZALDÚA, Glória. Falando em línguas: uma carta para as mulheres escritoras do terceiro mundo. ESTUDOS FEMINISTAS, 2020. Pgs. 229-236.

BACHELARD, GASTON. O direito de sonhar. Rio de Janeiro: Bertrand, 1994.

BUTLER, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão de identidade. 2ªed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2008.

CALVA, Silvia M. Bérnard (Org). Autoetnografia: Una metodología cualitativa. México: Universidad Autónoma de Aguascalientes, 2019.

DELEUZE, Gilles. Espinosa: filosofia prática. São Paulo: Escuta, 2002.

DELEUZE, Gilles.; GUATTARI, Felix. O que é a Filosofia? Trad. Bento Prado Jr. e Alberto Alonso Muñoz. São Paulo: Editora 34, 1992.

FAVRET-SAADA, Jeanne. “Ser afetado”, cadernos de campo n. 13, 2005. pp. 155-161.

FEYERABEND, Paul. Adios a la Razón. Madrid: Tecnos, 1992.

FOUCAULT, Michel. Uma estética da existência. In: MOTTA, Manoel Barros (org.). Ética, sexualidade, política. 2ªed, Rio de Janeiro: Universitária, 2010b, pp. 288-93.

GUATTARI, Felix; ROLNIK, Suely. Micropolítica: Cartografias do Desejo, Petrópolis: Vozes, 1996.

HARAWAY, Donna. SABERES LOCALIZADOS: a questão da ciência para o feminismo e o privilégio da
perspectiva parcial. Cadernos PAGU, v.05, 1995.

HOOKS, Bell. Ensinando a transgredir: a educação como prática de liberdade. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2017.

HOOKS, Bell. Tudo sobre o amor: novas perspectivas. São Paulo: Elefante, 2020.

JIMENEZ-JIMENEZ, Maria Luisa. Gordofobia e Ativismo gordo: o corpo feminino que rompe padrões e transforma-se em acontecimento. XXXI Congreso Asociación Latinoamericana de Sociología – Montevideo – Uruguay, 2017. http://alas2017.easyplanners.info/opc/tl/1243_maria_luisa_jimenez_jimenez.pdf

https://documentcloud.adobe.com/link/track?uri=urn:aaid:scds:US:daf7ff58-6e9e-4237-99de-a005fa508e60

JIMENEZ-JIMENEZ, Maria Luisa. O corpo gordo feminino como resistência! 2018. (Blog/Facebook). Disponível em: http://www.todasfridas.com.br/2018/03/03/o-corpo-gordo-feminino-como-resistencia/

JIMENEZ-JIMENEZ, Maria Luisa. Pelo direito a não querer emagrecer e ser GORDA! RESPEITO AOS CORPOS DIFERENTES! 2019. (blog/Facebook). Disponível em: http://www.todasfridas.com.br/2019/02/12/pelo-direito-a-nao-querer-emagrecer-e-ser-gorda-respeito-aos-corpos-diferentes/

JIMENEZ-JIMENEZ, Maria Luisa. MEU CORPO GORDO É POLÍTICO: RESISTE AOS PADRÕES DA BELEZA E SAÚDE. 2019. (blog/Facebook). Disponível em: http://www.todasfridas.com.br/2019/07/17/meu-corpo-gordo-e-politico-resiste-aos-padroes-da-beleza-e-saude/

JIMENEZ-JIMENEZ, Maria Luisa. Cuerpas Gordas: sexo, deseos y placeres revolucionarios. junho 2020. Disponivel em: https://hysteria.mx/cuerpas-gordas-sexo-deseos-y-placeres-revolucionarios/

JIMENEZ-JIMENEZ, Maria Luisa. Lute como uma gorda: gordofobia, resistências e ativismos. 2020. Doutorado (Programa de Pós Graduação em Estudos de Cultura Contemporânea – ECCO) – Faculdade de Comunicação e Artes da Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT. Cuiabá, MT, Brasil.

LAZZARATO, Maurizzio. As revoluções do capitalismo: A política no império. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006. 

LORDE, Audre. Os usos da raiva: mulheres respondendo ao racismo, 2013. Disponível em: https://www.geledes.org.br/os-usos-da-raiva-mulheres-respondendo-ao-racismo/

LOURO, G. L. Pedagogias da sexualidade. In: LOURO, G. L. (Org.). O corpo educado: pedagogias da sexualidade. Autêntica: Belo Horizonte, 2013.

PRECIADO, P. B. Testo Junkie. Sexo, drogas e biopolítica na era farmacopornográfica. – São Paulo: n-1 edições, 2018.

PRECIADO, P. B. Um apartamento em Urano: crônicas da travessia. 1. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2020.

ROLNIK, Suely. Esferas da Insurreição: notas para uma vida não cafetinada. São Paulo: n-1 edições, 2018.

SANTOS, Boaventura de Sousa. Descolonizar el saber, reinventar o poder. Montevideo: Trilce, 2010.

INSCRIÇÕES

Tranferência bancária, PIX ou PAG SEGURO.

PIX – 126. 443. 358-17

Banco do Brasil c/c 20185-5 – agência 1772-8 Maria Luisa Jimenez Jimenez.

NUBANk c/c 10913719-4 Agência 0001 – Banco 260 – Maria Luisa Jimenez Jimenez

PAG SEGURO

SUA INSCRIÇÃO SÓ É VÁLIDA DEPOIS DO ENVIO DO COMPROVANTE PARA O EMAIL:

[email protected] – con 2 ll

VAGAS LIMITADAS!

APENAS 10 VAGAS POR TURMA

SYMPLA pague em várias vezes sem juros

Duvidas pelo email: [email protected]

Bolsas Socioeconômicas

Cada TURMA conta com 1 bolsas socioeconômicas para pessoas gordas, pretas, trans, indígenas, periféricas e/ou deficientes.

Preencha o formulário abaixo apenas quem se enquadrar nas características CITADAS ACIMA.

https://forms.gle/2n9rQf8ashDvCpZUA

Duvidas pelo email: [email protected]

O que é o amor?

12 de junho também é dia de celebração dos corpos gordos


Se você perguntar o que é o amor, como na música talvez a gente não saiba responder com exatidão e nem explicar muito bem o que é… Mas o amor nos parece ser um desses fenômenos complexos, uma força que movimenta a vida e articula todas as relações, seja pelo seu excesso ou falta. A gordofobia leva ao erro de achar que não merecemos afetos, mas nesse dia 12 de junho, nós escolhemos ouvir narrativas contra hegemônicas. Histórias de amor para celebrar esse sentimento tão plural. O “Dia dos Namorados” também é uma data de amores gordos.


Reencontros e o amor numa sociedade cisgenera

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Debora e Tom (arquivo pessoal)

Tom Grito, 33, é carioca, não binário, trans, poeta e educador físico. Passou por situações cruéis onde teve o corpo hipersexualizado e usado, mas nunca assumido diante da sociedade. “Eu costumava dizer que tinha 10 interessados em transar comigo depois dum show do Catra mas ninguém que me levasse de mãos dadas pra assistir um show de jazz” relembrou.

Em meados de 2017, Tom reencontrou uma antiga conhecida, Debora. Ambos adoravam roda de samba e o universo calhou de uni-los novamente. Debora é uma mulher preta e gorda. Tom é trans, não binário e gordo. Corpos dissidentes e que despertam olhares curiosos, mas sem a real intenção de apreciação. Tom conta que é inevitável que uma sociedade cisgenera e branca questione suas existências e afetos. “Mas a gente não costuma se incomodar com isso, exceto se a pessoa vier comentar ou dar opinião, aí ela com certeza vai obter reação. A gente não se deixa mais silenciar”.

Mesmo com as inseguranças com o corpo, Tom não deixa de curtir a companhia de Debora em locais públicos. “A gente gosta de praia, apesar da dificuldade com o corpo, a gente também gosta dessa afronta, de ocupar os espaços públicos, da liberdade de existir, habitar e ocupar” contou.

Apesar de todos os traumas e gatilhos do passado, Tom encontrou em Debora uma nova vontade de ser feliz e se permitir amar. “O meu encontro com Débora faz com que a gente se estimule e incentive a alcançar nossas máximas potências. Eu me permiti assumir minha identidade também após esse relacionamento por conta de todo apoio e amor que obtive dela nesse processo”.

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Não aceitem menos! Construindo relacionamentos saudáveis

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Gabi e Tiago (arquivo pessoal)

Gabi Menezes, 30, paulista, gorda, cis, influenciadora e psicóloga. Como a maioria das pessoas gordas, Gabi cresceu com os familiares reproduzindo os comentários gordofóbicos a respeito do seu corpo. \”Sempre ouvi – principalmente da minha família – que com o corpo que eu tinha eu nunca iria encontrar alguém que gostasse de mim\”. Os comentários, mascarados em tom de cuidado e preocupação, reforçam uma ideia de que o amor é algo ligado diretamente ao padrão de beleza e até pacificarmos (em algum nível) nossa relação com próprio corpo, acabamos acreditando que não merecemos afeto. \”Em algum momento na faixa dos meus 20 anos eu desencanei, já era rebelde desde a adolescência mas pensava que, se não iriam gostar de mim pelo corpo que eu tinha, era melhor ninguém gostar mesmo\”, explica.

Em um relacionamento de oito anos, Gabi e Tiago namoraram durante um ano a distância, ela terminando a faculdade em Araçatuba e ele morando em São Paulo. Hoje construíram uma família, tem um filho, Nicholas de quatro anos e dois gatos, Gael e Tequila. \”Eu e Tiago já éramos conhecidos, depois de um ano, quando ele não estava mais morando em Araçatuba, que fomos conversando mais e vendo que tínhamos muitas coisas em comum\”. Estar aberto para receber o amor passa por um grande processo de autoconhecimento, respeito com os próprios limites e traumas. \”A gente vive num relacionamento sem julgamentos e zelando sempre pelos cuidados e saúde um do outro, principalmente a mental\”.

E esse grande processo pode ser fortalecido por laços de companheirismo. \”O que eu mais pude aprender e aprendo com o nosso relacionamento é não ligar tanto para o que as outras pessoas diziam ou pensavam ao meu respeito, basicamente o Tiago me ensinou a quebrar (já que as vezes eu apertava só de leve) o botão do foda-se!\”, a psicóloga complementa, \”Me ensina constantemente que eu não devo ficar me justificando e nem me julgando – principalmente no quesito da maternidade\”.

Associamos a solidão ao fracasso no amor, mas precisamos de refletir sobre o comprometimento afetivo com a nossa existência. \”Consegui encontrar um cara legal, que me respeita, me entende e acima de tudo, me ama. Se não fosse pra ser assim, eu preferia estar sozinha, real. Não aceitem menos pela sociedade achar que você merece menos! Merecemos viver de maneira romântica, da mesma forma que qualquer pessoa num relacionamento saudável\”.

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Mono e não-mono, as muitas formas de amar

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Hugo, Flávia e Kalli (arquivo pessoal)

Flávia Carves, 30, paulistana, gorda, cis, bissexual e multiartista. Se entendeu como não-monogâmica após um processo longo de autoconhecimento, onde algumas feridas do passado ainda a machucavam. Flávia está em um relacionamento com Hugo desde 2015, e quando se conheceram, ambos questionavam essa estrutura pré estabelecida entre casais, “Depois que nos conhecemos, foi maravilhoso, porque ele também questionava tudo o que eu também questionava, mas também foi com tempo e muito diálogo que fomos chegando a respostas pra não-monogamia política” contou.

A sociedade nos ensina a ser, vestir, falar tudo aquilo que considera correto e quando você não se enquadra nisso, de certa forma é excluída. Não foi diferente com Flávia. “O meu autoconhecimento com a vivência da não monogamia se desenvolveu como nunca, e se conhecer dói. Mas depois você vê o quanto que é recompensador saber os seus limites, entender a origens de sentimentos ruins e trabalhar isso consigo e com as pessoas que você se relaciona de uma maneira muito mais fluida”.

A multiartista se apaixonou por Kali e, em setembro de 2020 passa a morar com eles, compondo uma família, um tipo diferente e possível de amor. “Essa é a minha família, são pessoas que escolheram estar comigo pra construir o dia a dia e eu escolhi estar com eles (Hugo e Kali). Então, acho que a primeira coisa que as pessoas precisam pensar é: eu estou só fetichizando ou sexualizando essa relação? Porque se sim, as pessoas estão muito longe de entender o que é uma relação. Seja monogâmica ou não”.

Segundo Flávia, a monogamia deveria ser tratada como o que ela realmente é, ou seja, como estrutura social, “Não é sobre quantidade de pessoas, é sobre liberdades de escolhas individuais com perspectivas coletivas pensando em sociedade” enfatiza e complementa que “Amor é escolha. É liberdade trabalhada. É estar e ser. É diálogo. É troca. É história. É sentimento. É cheiro no cangotinho ou abraço bem dado no fim do dia”.


Um chamado ancestral para cura

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Jész e Aline (arquivo pessoal)

Jész Ipólito, 29, paulista mas mora a quatro anos em Salvador, graduanda em Gênero e Diversidade pela UFBA, idealizadora do blog \”Gorda e Sapatão\” e ativista na Articulação Nacional de Negras Jovens Feministas (ANJF) – núcleo Bahia. Aline é mestranda em Geografia na UFBA e se conheceram em um Congresso da própria Universidade. \”A gente trocou olhares no Congresso da UFBA em 2016, depois nos encontramos e conversamos mais na ocasião de um debate sobre gordofobia e racismo\”.

O racismo estrutural invisibiliza as vivências das mulheres negras, as deixando mais vulneráveis para diferentes formas de violência, sendo uma delas a negativa de afetos. A junção do marcador \”raça\” com o marcador \”peso\”, aprofunda as dinâmicas preterimento. \”Eu sempre vivenciei situações de preterimento. Ser gorda e negra nessa sociedade racista e gordofobica é viver a margem das possibilidades de afeto\”, conta Jész.

Mas encontrar amor em outra mulher negra e gorda é uma possibilidade político afetiva de viver dias melhores. \”Nossa relação tem representado um chamado ancestral para cura, olhar para si e reconhecer as fraquezas, as dores, as incertezas… E juntas nós temos nos transformado todos os dias. Através do diálogo muito aberto, direto e verdadeiro, dizendo sempre quando algo não está bem. É uma intimidade muito profunda conseguir falar aquilo que mais te assusta para outra pessoa, essa possibilidade só chega com a construção de uma relação baseada na insistência: é preciso dizer com todas as palavras para a outra pessoa “Eu estou aqui com você, quando quiser conversar eu estarei aqui”. E aí vai sedimentando o amor, a confiança, o respeito e outros elementos\”.

A ativista explica que o cotidiano do relacionamento é a melhor forma de se manter junto e superar alguns traumas e medos que o racismo e a gordofobia imprimem sobre suas vidas. \”A manutenção do nosso amor é todo dia, planejando nossos futuros, recalculando a rota quando for necessário, fazendo pequenos gestos de cuidado tipo fazer uma comida gostosa pra ela, ou simplesmente encher a garrafinha de água e deixar na mesa dela quando tem aula rolando. Enfim… cotidiano simples e afetivo nos pequenos detalhes\”.

Jész fala ainda sobre imaginar formas de aceitar o merecimento de afeto e viver ele plenamente. \”Quando a gente consegue estabelecer o autocuidado como premissa maior, as coisas acontecem sem que a gente perceba que estão acontecendo\” e conclui \”Se ame em primeiro lugar. Encontre sua luz, seu brilho! Defina suas metas e objetivos, trace sua rota para responder a pergunta “O que eu quero conquistar?”, e isso não é sobre trabalho, é sobre todos os aspectos da vida Confie em você, na sua energia, na sua fé!\”.

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Vivemos um tempo tão difícil, da conjuntura à pandemia da Covid-19, mas o amor tem fortalecido nos momentos mais improváveis. Talvez o amor seja isso, um levante revolucionário contra opressões, negacionismo, conservadorismo. Uma vontade política de mudar a perspectiva dominante. Como escreve bell hooks no texto “Tudo sobre o amor: Novas Perspectivas”:

“Para abrirmos nosso coração mais plenamente para o poder e a graça do amor, devemos ousar reconhecer quão pouco sabemos sobre ele na teoria e na prática. Devemos encarar a confusão e a decepção em relação ao fato de que muito do nos foi ensinado a respeito da natureza do amor não faz sentido quando aplicado à vida cotidiana. Observando a prática do amor no dia-a-dia, pensando em como amamos e no que é necessário para que nossa cultura se torne uma cultura em que a presença sagrada do amor possa ser sentida em todo lugar”.

bell hooks, \”Tudo sobre o amor: Novas Perspectivas\”, 2020 (página 42).

Agradecemos imensamente Tom, Gabi, Flávia e Jész por dividirem suas histórias. Apesar do Dia dos Namorados ser uma data comercial (e convenhamos um cadinho brega) acreditamos no poder de amar e mudar as coisas.


Texto de Karen Florindo e Tamyres Sbrile

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@flor_rindo nas redes, 24 anos, feminista. De São Bernardo tentando sobreviver ao caos da cidade de São Paulo. É graduada em Ciências Sociais, pós-graduanda em Política e Relações Internacionais e entusiasta dos estudos decoloniais. Trabalha com pesquisas de mapeamento socioeconômico e elaboração de políticas públicas. Uma das idealizadoras do Ciclo Mexerica (@ciclomexerica), Grupo de Estudos sobre Corporalidades Gordas, Afetos e Resistência, que surgiu após a primeira turma do curso #InsurgênciasGordas, como forma de construir laços e fomentar conhecimentos gordes.


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Tamyres é jornalista, criadora de conteúdo, escritora e ativista. Ela aos 23 anos começou em 2019 produzir conteúdo no @itstamyres falando sobre amor próprio, autoconhecimento e Gordofobia. Nascida e crescida em São João da Boa Vista, interior de São Paulo, encontrou na internet uma maneira de ressignificar e entender questões como sendo uma mulher gorda. Usa as palavras para expressar sentimentos e vivências que marcaram a história dela.

QUANDO ME PERCEBI

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Ilustração: Renata Ragazzo – @rety_ragazzo

Quando me percebi…

Divagando no tempo que insistia em correr, me percebi, por vezes, tentando olhar além do que meus olhos poderiam enxergar, projetei inúmeras vidas, entretanto, não eram as minhas.

Quanto perdi deste tempo, não sei precisar, de certo, muitas dores e feridas se abriram

Lágrimas e suor faziam parte de uma rotina forçada para se adequar aos padrões que eu nem sabia realmente quais eram. Em um passado recente, corpos volumosos eram idolatrados, outra população em busca de aceitação e na ânsia de estar dentro da \”normalidade social\”.

Tamanha desvalorização do ser, frente ao corpo

Texto de Michele Nascimento

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Psicóloga com especialização em Terapia cognitivo comportamental e transtornos alimentares. Amante da leitura e da liberdade de expressão, tenho como foco o resgate da autoestima e questionamento do que é imposto, principalmente pela mídia. @michelenascimentopsi

Dealing porque em inglês parece mais fácil.

A vida que a gente leva não é fácil, nós temos problemas tão grandes e tão complicados e a gente não sabe lidar ou não lida. O *\”dealing\” dos gordes é bullying na escola, preconceito da família, aceitação da sociedade e autoaceitação, lugares que não nos cabem, literalmente, não nos cabem. Quanto mais os gordes se levantam mais claro fica que a sociedade não nos quer e isso as vezes cansa; desenvolvemos doenças mentais, distúrbios e temos que lidar com isso pra levantar. E todos os dias eu sinto vontade de achar um culpado para tudo isso, pra todas as vítimas que a gordofobia e a pressão estética fez. A culpa é de quem? Isso, talvez a gente nunca descubra, mas a gente precisa mudar as coisas, e pra isso precisamos lidar. Força. Você pode.

*Dealing/ to deal: lidar em inglês.


Texto de Isabella Araújo

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Ativista gorda, feminista, estudante constante sobre o mundo, animais e natureza, defensora de tudo que o patriarcado quer dominar. Instagram: @araujosisabella e @grandegostosab

Dançando com a vida

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Camila dança – arquivo pessoal

A criança gorda que sempre foi excluída

Que vivia sempre retraída

Cresceu com inseguranças ao seu redor

E um corpo menor desejava ter.

Tinha sonhos de colocar a vida para dançar

Mas ainda seu corpo nenhum lugar queria aceitar

Muitos a chamaram de louca

Porque, “Bailarina não pode ser gorda”.

Mas quem disse que nossas vidas e sonhos param de dançar?

Depois de uma queda a gente se levanta e continua a tentar

Porque bailarina pode ser gorda sim!

E nós sempre iremos conseguir!

Quero aqui salientar que a dança é palco para quem quiser entrar

Não tem cor, gênero e nem corpo

Basta vir de coração aberto, basta vir, dançar e ser feliz!


Texto de Camila Silva Beguetto

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20 anos, graduanda de psicologia e reside na cidade de Ourinhos, interior de SP. Gorda menor, desde muito nova sofria com seu corpo, cresceu confusa em meio as suas curvas e buscou na escrita uma forma de refúgio dos padrões que tanto queriam a engolir. Hoje se desconstrói para construir novamente, está em busca de ajudar outras pessoas que passaram e passam por experiências semelhantes. IG insta: @sbcami

GORDAS ASTROLÓGICAS: Geminiana

\”GORDAS ASTROLÓGICAS\” série de ilustrações de Márcia Metz, a Geminiana.


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Gorda e Geminiana

Dizem que sou duas caras
Que sou mentirosa
Eu sou no mínimo três:
inteligente, comunicativa e curiosa!


Texto e Ilustração de Márcia Metz

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Atriz e Bibliotecária com formação na UFRGS, Mestra em Artes Cênicas, pesquisadora das Corpas Gordas.

Lute como uma gorda é um blog criado pela Profa. Dra. Malu Jimenez, ativista e pesquisadora do corpo gordo. Aqui reunimos e potencializamos conteúdos sobre este tema, a fim de construir, conectar e formar pessoas que se interessem pela causa.

Explore o Universo Malu:

Cursos e Livros para sua Jornada de conhecimento!

Este livro é resultado de sua pesquisa que teve origem em sua tese de doutorado, a qual propõe análises teóricas para investigar a estigmatização institucionalizada sob a qual os corpos gordos são colocados. Lute como uma gorda está disponível para venda e comprando por aqui você recebe uma dedicatória especial da autora